sábado, 25 de julho de 2009

Breve história.


Breve história.

Associação de Capoeira

República de Palmares.



Aos associados...
Aos alunos e familiares...
Aos formados; professores e mestres....
Aos amigos de um modo geral.


A nossa associação nasceu entre o final da década de setenta e o início dos anos oitenta. A motivação que nos levou a fundar esta entidade foi basicamente três coisas: em primeiro lugar a nossa paixão Pela cultura e arte genuína de nosso povo que por si só é um gesto de rebeldia de questionamento do que esta posto. Em segundo lugar, tratava-se de demonstrar na pratica e de um modo formal o nosso grau de compromisso e envolvimento com a capoeira e a arte folclore brasileiro, para nos uma arma de libertação e finalmente, víamos nesta associação uma espécie de “templo” onde a vivência na e com a capoeira ganhava um sentido ideológico, político e sobretudo filosófico.


Obviamente, estas três questões estão entrelaçadas. Neste sentido, é preciso dizer que ao nos apaixonarmos pela capoeira, ésta paixão ganha o sentido de escolha. Na pratica era tomar partido, ou seja, escolher ficar do lado do oprimido, do discriminado, do proibido, do marginalizado pois era esta condição da capoeira e dos praticantes desta arte no período em questão. Tratava-se de uma ditadura militar, o ambiente político onde tecíamos nossas escolhas. O que estava em jogo portanto, era o fato de que estávamos explicitando, tornando público os nossos laços e compromissos com este “ser rebelde e oprimido” chamado capoeira ou capoeirista. Tratava-se de perceber e demonstrar a dimensão aglutinadora e libertadora de nossa arte. Desde o começo de nossas atividades, homens, mulheres, jovens e crianças da periferia se identificavam com a capoeira e lotavam os espaços onde oferecíamos os nossos cursos. É preciso que cada instrutor. Professor ou mestre perceba que esta atitude das pessoas é também uma escolha e se é uma escolha, é uma atitude política na sua essência.

E ai? As pessoas escolheram a sua arte, a capoeira para si ou para alguém de sua família e o que você tem para oferecer? Pancada? Violência? Defesa pessoal?


A resposta que nos da Associação de Capoeira República de Palmares (ACRP) oferecemos foram projetos de trabalho dando a cada aluno a oportunidade de conhecer um outro lado de nossa historia, uma historia não contada; a historia dos quilombos, dos negros, de suas crenças, de seus cantos, de seus heróis como Zumbi, Canga Zumba, Mestre Bimba, Mestre Pastinha e tantos outros. Foi assim no projeto Expanção da Capoeira em Osasco, que atendia cerca de 450 pessoas nos centros de vivencia e que priorizava menores em situação de risco entre 1982 e 1986. É importante frizar que alguns seguiram carreira e se transformaram em professores e mestres de capoeira. Aonde havia um espaço e pessoas de boa vontade lá estava a ACRP através do Mestre Borboleta com um curso, uma oficina, uma palestra, ou uma apresentação sempre enfatizando a relação entre capoeira e busca da liberdade do oprimido ao longo de nossa história. Foi assim em vários sindicatos e na Central Única dos Trabalhadores de São Paulo onde dada a importância de nossas atividades o mestre foi indicado como representante da CUT SP junto ao conselho municipal de cultura gestão Marilena Chauy durante o mandato da então prefeita Luiza Erundina.

Ao longo de quase três décadas de atividades, a ACRP não se omitiu; realizou e participou de dezenas de batizados e formaturas de alunos. Entre os mais antigos alunos formados estão os Mestres Jomar P da Silva (M Malaca da Correntes da Senzala) e Edson Lopes da Silva (Mestre Zoinho do Projeto Novo Horizonte) que se iniciou aos oito anos de idade e que alem de capoeirista é também pastor evangélico praticante e o mais recente formado é o Mestre Beto do grupo Guerreiros da Paz.
Não podemos esquecer a importância de nossos ancestrais, de nossas raízes, neste sentido colocamos o Mestre Azambuja da Itambé da Bahia, mestre e avó de meus alunos em termos de nossa vivência de capoeira que, como uma pessoa que juntamente com o seu mestre, o meu avó, o Mestre Grande da Dois de Ouro como mestres que fazem parte de nosso fundamento, da base de nossa história.

Por outro lado, lamentamos as nossas perdas; a morte de meu irmão de capoeira Mestre Pena da Itambé da Bahia vitima do ciúme dos fracos e de meus alunos Professor karrapeta e Alex (M Negativa) que Partiram antes da hora justamente por suas infelizes escolhas mas que deixaram como herança a memória de seus cantos, jogo e ensinamentos.
Nos últimos anos, outros projetos da ACRP ganharam força em nossa cidade; a Berimbalada que já esta na quinta edição a semana da consciência negra, e o Projeto Palmares (curso de formação cultural a partir da capoeira) junto a Secretaria Municipal de Cultura. É por estes e tantos outros trabalhos que por diversas vezes fomos homenageados com o troféu Zumbi e outras homenagens no dia nacional de consciência negra.

A profundidade de nossas ações fizeram de nossa associação uma entidade muito alem de uma simples academia de capoeira e os novos projetos apontam para um novo caráter com muito mais amplitude aprofundando a dimensão cultural de nossa casa. Queremos ir mais longe e mais fundo nas questões, nos nossos aportes.
Temos uma história que aponta nesta direção e o momento cobra esta decisão.

Decidimos em Assembléia no final de 2007 que não podemos nos contentar em sermos apenas “Associação de Capoeira República de Palmares”, somos agora uma Associação Cultural República de Palmares e faremos de nossas experiências uma Republica Cultural onde a Capoeira tem seu espaço mas abre as portas para outros projetos que complementarão o sentido de ser de nossa nova entidade.


Saudações Culturais;


José Carlos da Silva
(Mestre Borboleta)
Presidente

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